Loading...

A comunicação humana e a arte dos relacionamentos


por:

Primariamente, partindo de uma definição dicionarística, o vocábulo comunicação, no Dicionário Aurélio, vem do latim communicatione, e significa “ato ou efeito de emitir, transmitir e receber mensagens por meio de métodos e/ou processos convencionados, quer através da linguagem falada ou escrita, quer de outros sinais, signos ou símbolos”. Ainda para o filólogo, o termo comunicação humana, é a “comunicação social, própria dos seres humanos, baseada em sistema de signos (a linguagem falada, v. g.), em oposição à comunicação baseada em sistema de instruções ou comandos, como a que se faz entre animais e máquinas”. Para além desta compreensão básica e clássica, de uma comunicação dual, bilateral e linear, temos a característica social, dinâmica e relacional como elemento fundamental do conceito. Na verdade, somos tão absoluta e ativamente dependentes da comunicação, quanto dos nossos semelhantes.


Desta forma, há uma primordial dádiva pertencente a nós: a palavra. Louis Hjelmslev, importante linguista dinamarquês, já afirmara lindamente que, “antes mesmo do primeiro despertar da nossa consciência, as palavras já ressoavam à nossa volta, prontas para envolver os primeiros germes frágeis de nosso pensamento e a nos acompanhar inseparavelmente através da vida”. Assim, metaforicamente, considero a palavra como a virtude original que desencadeou todos os beneplácitos dos quais gozamos até hoje. Assim, à sombra da mesma metáfora, parece igualmente carregar consigo a Caixa de Pandora ocasionadora dos males da humanidade, que até hoje pagamos, vez que pode ser apaziguadora ou motivadora de sangrentos conflitos, por exemplo. 


Algo parece ser incontestável: os valores mágicos ou “bruxescos” contidos na palavra, as cargas de raios e trovões ou de arco-íris e bonanças conduzidos pela palavra, enquanto ato comunicativo humano. Não sem motivos, chegaram até nós declarações imperativas com forças de transformação como: “Abra-te, Sésamo!”, “Shazam!”, “Abracadabra!”, “Sinsalabim!” e outras tantas. Aliás, temos no livro do Gênesis  na Bíblia Sagrada que “no princípio era o verbo” (Gen 1, 3). Percebe-se, já na criação do mundo, a força da palavra na organização do caos: “Faça-se a luz!”, “Faça-se o firmamento e separem-se as águas!” O mesmo Hjelmslev já advertira que a fala humana é uma fecunda fortuna de múltiplos valores e que é o “instrumento graças ao qual o homem modela o seu pensamento, seus sentimentos, as suas emoções, os seus esforços, sua vontade e seus atos, o instrumento graças ao qual ele influencia e é influenciado, a base última e mais profunda da sociedade humana”. Aliás, me ocorreu agora, o que terá dito Moisés, de cajado na mão, para que o Mar Vermelho se abrisse?


A comunicação, seja verbal ou não-verbal, é vital para a existência, sobrevivência e convivência humana. É um dinâmico e complexo fenômeno influenciador de todos os nossos relacionamentos. Sabemos que o nível não-verbal é o que mais poder tem no curso do ato comunicativo humano, vez que – para além da palavra – envolve a audição, o gesto, o corpo e até o espaço. Por exemplo, para citar apenas as possibilidades vocais, determinada palavra ao ser pronunciada pode adquirir outros significados dependendo de como a voz apresenta-se em seu volume, cadência, velocidade, tom, inflexão ou articulação.


 

VOLTAR

Todos os direitos reservados © AGAPE DO BRASIL | 2017

Scroll to Top