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Não quero ser um Wally


por: Rafael Baltresca

“Onde está o Wally” nunca foi meu passatempo preferido. Tentar encontrar aquele rapazinho franzino com a camisa listrada no meio de tanta gente igual me tirava do sério. Creio que o principal motivo de desistir nos primeiros segundos era impressão que não o encontraria nunca, ou, talvez, a visão das próximas 20 páginas, com mais e mais desenhos iguais.

Hoje com 33 anos, vejo que seguir uma linha reta, igual, à lá “Onde está o Wally” não era a minha sina. Desde meus 14 anos até hoje já trabalhei como professor de informática, baterista, mágico, engenheiro eletrônico, programador, professor de cursinho, hipnólogo e palestrante motivacional. O monótono me consumia; não parava quieto em um lugar só.

Lembro-me que em todas as profissões, não aceitava o fato de fazer tudo igual; sempre quis “misturar as bolas”. Nas aulas de cursinho, era conhecido como o “professor-mágico”. Nos grupos de mágica, era o “mágico-engenheiro”. E assim a “mistureba” de estilos ganhava mais cores e formas com o passar do tempo.

Mas o caminho nem sempre foi divertido e instigante. O preço de ser diferente, de ousar, de ir pelo não explorado, às vezes é maior que o imaginado. No ano de 2004, resolvi abandonar uma sociedade de uma empresa de informática que estava em total crescimento e investir em um negócio novo e ousado: fazer palestras com mágicas. A ideia até que era interessante: o cliente me enviaria o conteúdo e, após estudar e inserir algumas mágicas, transformaria as informações em um super show. Fiz site, cartões, folders e tudo que tinha em minha mente criativa. O que não esperava era a resposta do mercado: por que acreditar em um jovem inexperiente com uma ideia não-tradicional? Durante mais de 12 meses ouvi NÃO, NÃO e NÃO.

Se não tivesse me preparado financeiramente e reduzido minhas despesas, o fim poderia ser bem complicado para um jovem sem juízo.

Após mais de um ano tentando, recebi um telefonema de uma multinacional querendo uma palestra completamente diferente para seu evento. Em nossa reunião, acredito que o brilho em meus olhos tenha contado mais que minha falta de experiência. Eles aceitaram investir na minha ideia maluca. Desse cliente surgiu mais um, que indicou para outro, que falou para mais dois e hoje, depois de quase 7 anos, tenho orgulho de apresentar minha empresa e dizer que faço palestras motivacionais completamente fora do padrão.

Não quero ser um Wally, não quero viver pensando, vivendo e fazendo o que todos fazem. E acho que com a criatividade que o brasileiro tem, ninguém precisa ser Wally também.

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