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AS TRÊS REGRAS DE OURO DA EVOLUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NAS ORGANIZAÇÕES


por: Fábio Rocha

Foi lançado em Nova York o maior estudo de sustentabilidade corporativa,


publicado pela United Nations Global Compact e pela Accenture Sustainability


Services. Cerca de 1.000 executivos, líderes empresariais e da sociedade civil


contribuíram para esta pesquisa.


O levantamento revela que o compromisso com as questões ambientais, sociais e


de governança tornou-se excepcionalmente forte: 93% dos CEOs vêem a


sustentabilidade como fundamental para o sucesso da sua empresa. É claro que


houve uma mudança radical na mentalidade desde a última pesquisa, em 2007,


quando a sustentabilidade estava começando a reformular as regras dos negócios


globais. Agora, ela é verdadeiramente uma prioridade estratégica para os


executivos de todo o mundo.


O estudo, conduzido pela Accenture em parceria com a United Nations Global


Compact, entrevistou 766 executivos de diversos setores em todo o mundo. Os


resultados sugerem que o mundo corporativo está entrando na "Era da


Sustentabilidade" – 93% dos CEOs disseram que responder questões de


sustentabilidade será fundamental para o sucesso de suas empresas nos


próximos dez anos.


Os CEOs acreditam que uma nova era da sustentabilidade está começando a


entrar em vigor, sendo que 80% dos entrevistados prevêem um "ponto de inflexão"


dentro de 15 anos – um momento em que a sustentabilidade será totalmente


incorporada às estratégias de negócio da maioria das empresas em nível global.


Não há dúvida quanto à evolução do tema sustentabilidade, seja do ponto de vista


do espaço que ocupa na academia, na mídia, no mundo corporativo, na agenda


mundial e nas políticas. Também não temos dúvida quanto à percepção das


organizações da importância deste tema como elemento de agregação de valor e


de influência na performance ou na reputação.


Percebe-se um movimento diferente nos processos de negócios, onde os atores


estão começando a ver que uma economia sustentável é uma proposta realista.


No entanto, os CEOs acreditam que, se quisermos chegar a uma época em que a


sustentabilidade estará completamente integrada aos negócios, iremos vivenciar


um ambiente operacional profundamente diferente de hoje.


A grande questão que surge é, as organizações estão sabendo evoluir na


gestão da sustentabilidade e transformarem-se em um negócio socialmente


responsável e sustentável?


Se a resposta de sua organização for não, isto é grave, pois, em um mundo


competitivo não há tempo, energia ou recursos para desperdiçar e talvez você


esteja entre tantas organizações que tem uma série de ações, projetos, programas


e/ou práticas de gestão no campo da sustentabilidade, mas, totalmente


desintegradas, dispersas ou desconectados do seu core-business.


O objetivo deste artigo é, a partir de todas as nossas experiências, estudos em


mais de 20 anos de atuação, em todo o Brasil, no mercado e na academia,


apresentar o que consideramos as três regras de “ouro” para que uma


organização possa evoluir de forma efetiva na sustentabilidade.


Três regras de ouro para evolução efetiva da


sustentabilidade em uma organização


1. Disseminação, inserção e internalização da sustentabilidade na cultura


organizacional.


2. Estruturação do modelo de gestão da sustentabilidade integrado ao


modelo de gestão da organização.


3. Customização da agenda de sustentabilidade.


A primeira delas trata da importância de disseminar, inserir e internalizar a


sustentabilidade na cultura organizacional e tem haver com o entendimento que se


a alta administração, os líderes dos processos de gestão, os colaboradores de


forma geral e as principais partes interessadas não entenderem que a


sustentabilidade é um elemento concreto na gestão dos negócios e não


simplesmente, uma tendência, um projeto, uma prática isolada, um processo a


parte e/ou apenas um discurso simpático de preocupações sociais e/ou


ambientais, o tema não irá evoluir de fato e sempre ficará a margem dos temas


prioritários.


Mesmo organizações que já são referência neste tema, trabalham continuamente


a sua disseminação, mantém o foco na compreensão e internalização dos


conceitos de sustentabilidade e na aplicabilidade no cotidiano como elemento de


tomada de decisão, de aperfeiçoamento de práticas de gestão e/ou de criação de


novos produtos/serviços.


Isto irá propiciar uma cultura de sustentabilidade, promovendo oportunidades para


mudanças de comportamentos tanto dos executivos como dos funcionários, que


passam a perceber e priorizar as questões de sustentabilidade em todos os


processos de gestão, da estratégia à execução.


A segunda regra é a necessidade de estruturação do modelo de gestão da


sustentabilidade integrado ao modelo de gestão da organização.


O modelo de gestão pode ser definido como o modus operandi de uma


organização, programa e/ou projeto, ou seja, como ele deve ser gerenciado em


todas as suas etapas, como funciona, quais são as suas diretrizes e/ou eixos de


atuação.


Como diz o próprio Michael Porter, maior especialista em estratégia da atualidade,


“as organizações não podem ter uma estratégia de negócio e outra estratégia de


responsabilidade social. Deveriam sim ter uma única estratégia.” E claro que é


impossível que isto aconteça com a gestão da sustentabilidade como algo


desintegrado do modelo de gestão da organização.


A viagem a um novo ambiente de negócios e a uma era onde a sustentabilidade


está completamente integrada aos negócios será certamente um desafio, mas os


CEOs já podem ver esta nova era no horizonte. Há otimismo, mas ainda existem


muitos desafios e incógnitas.


Um bom exemplo desta desintegração é o tratamento da gestão da


sustentabilidade, como algo relacionado, exclusivamente, às práticas voltadas ao


meio ambiente. A vertente ambiental é apenas uma daquelas que compõem o


chamado Triple Bottom Line, pois também devem ser consideras as vertentes


social e econômica.


A responsabilidade socioambiental corporativa, caracterizada como um conjunto


de políticas e práticas adotadas por determinada organização visando ao


aprimoramento das relações com seus diferentes grupos de interesse


(stakeholders), direciona-se à criação de condições favoráveis para a


sustentabilidade empresarial, com a obtenção de vantagem competitiva e a


geração de valor aos acionistas.


Estrategicamente, portanto, as questões socioambientais devem fazer parte do


planejamento e integrarem quadros de avaliação do desempenho empresarial e


não ficarem restritas ao discurso ou às ações pontuais desvinculadas dos fatores


críticos de sucesso e da respectiva geração de valor ao negócio.


Pesquisa indica que 81% dos CEOs acreditam que as estratégias globais verdes


da empresa estão nas operações e que o tempo para agir é agora


A organização precisa comprovar aos acionistas que os investimentos


socioambientais estão, realmente, contribuindo para o aumento da competitividade


e não se trata, apenas, de ações de marketing para um suposto fortalecimento da


imagem. E sem um modelo integrado de gestão, fica impossível a obtenção de


resultados significativos ao inserir a sustentabilidade como elemento intrínseco à


gestão.


Esta integração facilita que os negócios afastem-se cada vez mais da visão da


operação, como uma parte distinta da cadeia de valor para assumirem maior


responsabilidade em um sistema completo de insumos e, também, facilita a


criação de novas formas de colaboração e parcerias com fornecedores e


distribuidores, organizações da sociedade civil e governos para impulsionar os


resultados da sustentabilidade.


Potencializa o uso mais eficaz da tecnologia para impulsionar a transparência, a


eficiência dos recursos e uma transição para a infraestrutura de energia limpa.


Esta integração também melhora a eficiência das práticas comerciais em


mercados emergentes para atender as necessidades de consumidores e cidadãos


diferentes e canais alternativos de distribuição.


A terceira e última regra é a customização da agenda de sustentabilidade,


considerando o porte, o segmento, os ativos e passivos de cada organização.


Por customização entendemos como a personalização e/ou adaptação das


temáticas da sustentabilidade aos temas mais prioritários da organização, da sua


estratégia de negócio e/ou de seu contexto mercadológico.


Desta forma, customizar seria selecionar as temáticas mais prementes dos


campos social e ambiental, de acordo com as necessidades e/ou requisitos


necessários à atividade-fim do negócio.


Quantas vezes conhecemos organizações que investem grandes valores em


temáticas, programas e/ou projetos que nada tem haver com o seu negócio, mas,


simplesmente porque é um tema que está no radar das questões da


sustentabilidade.


Importante reforçar que a essência da gestão sustentável nas organizações é


minimizar os impactos negativos da atividade-fim e maximizar os impactos


positivos.


Esta customização trabalha com o enfoque da criação de valor empresarial e


social, que é caracterizada por uma mudança de foco exclusivamente no lucro


financeiro, para uma compreensão de longo prazo sobre a criação de valor que


considera tanto os impactos positivos quanto os negativos de uma empresa sobre


a sociedade e o meio ambiente.


A customização está diretamente associada ao grau de compreensão de como as


questões socioambientais estão relacionadas aos riscos e retornos corporativos.


Estas três regras são facilmente perceptíveis em empresas referência neste tema


e nas nossas diversas experiências em organizações que prestamos consultoria e


evoluíram, de fato, na gestão da sustentabilidade, ou melhor, em tornar a


sustentabilidade um elemento intrínseco à sua gestão.


Portanto, vamos parar de “brincar” de empresa responsável e sustentável ou


esperar o melhor momento para iniciar a caminhada, como diz Idar Kreutzer, CEO


da Storebrand ASA: "O risco da inação é o maior risco que as empresas


enfrentam."

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