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O JOGO COMEÇA A SER VENCIDO FORA DE CAMPO


por: Fábio Rocha

O JOGO COMEÇA A SER VENCIDO FORA DE CAMPO


Acredito que ninguém tenha dúvida que o mundo esportivo e em particular o futebol mudou muito nestas últimas duas décadas, tanto em questões técnicas, táticas e/ou físicas, mas, o que mais chama minha atenção são as mudanças fora das quatro linhas.


São mudanças radicais e de grande proporção, no perfil do torcedor, na globalização dos times e principalmente no campo da gestão, nos seus aspectos legais, nos elementos institucionais de clubes esportivos, no


marketing esportivo e em tantos outros aspectos, muitas vezes imperceptíveis ou silenciosos, aos olhares daquele torcedor de estádio que ainda acredita que o jogo e as conquistas, se resumem as quatro linhas.


O mais impressionante é que estas mudanças ainda são pouco significativas com o que irá acontecer nos próximos 10 ou 15 anos, tanto por elementos globais (estruturação do mundo do futebol nos Estados Unidos, internacionalização de torcidas, mudanças na instituição central do futebol – FIFA, evolução da governança corporativa dos clubes e mudança nas relações clube-investidores) e/ou nacionais (PROFUT, lei de responsabilidade fiscal para os dirigentes esportivos, enfraquecimento dos campeonatos estaduais, reorganização gerencial de grandes clubes brasileiros, construção de uma nova equação econômica-política para o futebol brasileiro).


Neste contexto, os clubes precisarão se reinventar ou sucumbirão e isto passa obrigatoriamente por mudanças de paradigmas na idéia de como se vence um campeonato e/ou um jogo.


Claro que a profissionalização da gestão, a adoção do planejamento estratégico como ferramenta central, a fidelização dos torcedores, a descoberta de novas receitas financeiras e não-financeiras, a mudança no processo de contratação e/ou descoberta de novos talentos (dentro e fora de campo) e a democratização dos clubes serão aspectos fundamentais para que estes clubes possam ter chance de sucesso, mas, a questão que queremos trazer aqui é: E o jogador neste novo universo, está preparado para toda esta revolução no mundo do futebol? Esta revolução também está acontecendo em volta da figura do jogador? Como prepara-lo para começar a vencer o jogo fora


das quatro linhas?


Fácil percebermos mudanças radicais na vida de jogadores que não tinham recursos para pegar um transporte público e passam a poder “comprar o


mundo”.


De jogadores que eram ilustres desconhecidos e passam a serem figuras públicas com alto nível de exposição. De jogadores que se preocupavam em simplesmente “jogar bola” e passam a ter que lidar com imprensa, mídia, agências publicitárias, compromissos sociais e contratos milionários, considerando as suas realidades anteriores.


Portanto, muitas vezes aquele rendimento medíocre em campo, as expulsões impensadas, as agressões aos árbitros ou os problemas fora da concentração superpõem elementos ligados aos talentos ou técnicas destes jogadores e estão totalmente ligados ao preparo emocional destes jogadores para vencerem o “jogo interior”.


É por tudo isto e com todos estes avanços, que em muitos esportes, começa a ser adotado o “Coaching Esportivo” e no futebol não pode ser diferente.


Segundo, o precursor do Coaching, Tim Gallwey: “Coaching é uma relação de parceria que revela e liberta o potencial das pessoas de forma a maximizar o seu desempenho. É ajudá-las a aprender, ao contrário de ensiná-las”


O coaching, hoje comprovadamente, apresenta-se como uma ferramenta de gestão adequada para atender às demandas das organizações modernas, que se posicionam competitivamente no mercado, e, que precisam dar condições às suas equipes para responder às demandas imediatas, para se posicionar como os donos do negócio com visão de futuro, atitude proativa e empreendedora.


E isto tem tudo haver com este novo mundo do futebol, não tem?


Ocorre que pela pouca difusão e conhecimento da ferramenta coaching, muitas dúvidas ainda cercam o assunto. É uma espécie de treinamento? Um tipo de pós-graduação? Uma técnica milagrosa capaz de levar o profissional a superar todas as carências de performance em tempo recorde?


É um embuste vendido como um processo que vai trazer sucesso à vida de qualquer um?


Importante esclarecer que o Coaching é definido como um processo utilizado para facilitar a tomada de decisão no momento de dilema na carreira profissional, apoiando o desenvolvimento, ou ampliação de competências que levem o individuo ao alcance de suas metas e resultados pessoais ou profissionais. Imagine a aplicação disto com o jogador de futebol?


Coaching é um processo, com início, meio e fim, definido em comum acordo entre o coach (profissional) e o coachee (cliente) de acordo com a meta desejada pelo cliente, onde o coach apoia o cliente na busca de realizar metas


de curto, médio e longo prazo, através da identificação e uso das próprias competências desenvolvidas, como também do reconhecimento e a superação de suas fragilidades.


No processo de Coaching é essencial a criação de condições para que o Coachee tome consciência das suas competências no contexto profissional/organizacional, assuma a responsabilidade do desenvolvimento de comportamento mais objetivo e eficaz, através da minimização de conflitos internos, visualizar os seus pontos fortes e os pontos de melhoria, bem como definir ações para minimizar ou eliminar os gap´s percebidos.


Estas ações propiciam para o Coachee potencializar a sua capacidade de mudança e resultados de alta performance.


Embora existam pessoas de má fé ou desqualificadas, que se autonomeiam Coach, esta técnica é bastante proveitosa, e, pode mesmo alavancar a carreira do profissional, independente da posição que ele ocupa no mundo corporativo ou no mundo esportivo.


Ao decidir pela contratação de um Coach para a sua organização é fundamental fazer uma boa seleção, buscar informações sobre o seu histórico de atuação, comprovar se o Coach fez formação em instituição credenciada para desempenhar esta atividade, e, o mais importante é solicitar ao Coach


comprovar a sua experiência com o atendimento em outras organizações, e, ou com profissionais.


Para não dizer que não falei de flores, aproveito aqui para parabenizar a atual gestão do Esporte Clube Bahia pela adoção desta ferramenta e da forma adequada, como processo de apoio aos nossos jovens talentos das divisões de base e não no desespero de momentos difíceis, como é usual em muitos clubes.


Desta forma, são como elementos como o “Coaching Esportivo” que podemos começar a ganhar o jogo fora de campo.

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