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Tecnologia da Informação – Breve história e perspectivas


por: Sergio Penedo

O termo ‘Tecnologia da Informação’ (TI) é corrente na mídia, e ainda não é totalmente compreendido em sua essência. De modo concreto, poder-se-ia definir TI como “o conjunto de todas as atividades e soluções providas por recursos computacionais que visam permitir a obtenção, o armazenamento, o acesso, o gerenciamento e o uso de informação”. Ou ainda, “a área de conhecimento responsável por criar, administrar e manter a gestão da informação através de dispositivos e equipamentos para acesso, operação e armazenamento dos dados, de forma a gerar informações para a tomada de decisão”.

O entendimento do conceito de Tecnologia da Informação requer, antes, a compreensão do que seja Tecnologia. Quando se fala em tecnologia, imediatamente surge à mente toda forma de equipamento eletrônico disponível no mundo atual. Algo é “altamente tecnológico” quando é capaz de realizar grandes tarefas por meio de hardware (elementos físicos de um computador) e software (programas e/ou sistemas operacionais). Não se deve esquecer que, em relação à história da humanidade, o surgimento destes elementos é recente, e que a tecnologia é algo muito mais antigo e amplo do que tais inovações. Desde o domínio do fogo até as caminhadas espaciais, o homem tem realizado grandes feitos de cunho tecnológico, por ser exigido em analisar o ambiente e encontrar modos criativos e funcionais de resolver problemas. É importante perceber aqui que tecnologia é um conceito que não pode ser reduzido a aparelhos repletos de botões e adquiridos em lojas especializadas: tecnologia deve remeter às inovações criadas para resolver problemas cotidianos.

Na condição real de que a relevância de tal campo de conhecimento não se resume a um conceito frio, cumpre que se estabeleça um breve relato histórico sobre os primórdios das atividades profissionais relacionadas à Tecnologia da Informação.

Quando do surgimento dos primeiros computadores, na primeira metade do Século XX, o elemento humano se fazia menos importante diante da grandiosidade daqueles equipamentos, realizando tarefas de enorme complexidade e a velocidades de processamento não tão elevadas como as atuais. O avanço tecnológico dos computadores trouxe, nas décadas seguintes, máquinas menores e mais poderosas, atingindo seu ápice de desempenho ao final do século, com o advento da comunicação em redes locais e de longa distância (sobretudo com a internet, batizada como ‘a grande rede’). Em todos esses momentos, sobreveio sempre a importância única da informação, verdadeiro patrimônio. Quando disposta na forma digital, não se resume apenas a um punhado de bytes reunidos, mas sim de um conjunto de dados classificados e devidamente organizados de modo que um indivíduo ou uma organização possam fazer deste conjunto uso adequado para dado objetivo.

Neste universo tão amplo de aplicações, a informação é algo de tão elevado valor que pode muitas vezes selar a sobrevivência ou a descontinuidade das atividades relacionadas a um negócio, por exemplo. E não é muito difícil entender o porquê de tal importância: basta que pensemos no que poderia ocorrer se uma instituição financeira, por exemplo, descobrisse que foram perdidas todas as informações de seus clientes, ou mesmo imaginar o que poderia ocorrer se alguém dispusesse de valiosas informações sigilosas sobre posições de investimentos de uma corporação e enriquecesse a partir da análise de tais dados. Como compreender, assim, o valor da informação nos dias atuais?

O mundo contemporâneo apresenta, de fato, desafios crescentes aos profissionais das mais diversas áreas. Nesse contexto, o modo como a informação é gerida pode não só fornecer base conceitual a tais profissionais, mas instrumentalizá-los a atuarem de modo eficiente na gerência de informação, como fator de desenvolvimento de seus negócios, proporcionando de forma mais ampla a integração e estruturação de dados para as organizações.

Ainda que não definida de maneira incisiva, tampouco assegurando uma estrutura de acesso global e funcional a produtos e serviços de informação, em um contexto de desigualdades tão marcantes como no Brasil, um cenário de enorme potencial tecnológico na disseminação do que se chama ‘informação’ é plausível para as próximas décadas. O que outrora se denominou “Sociedade da Informação”, ao final da década de 70, encontra, em nosso século, as condições estruturais adequadas para sua efetivação. De modo mais lento ou célere, na forma planejada ou apenas disponibilizada pela interconexão de computadores na grande rede, o século XXI se iniciou sob uma proposta de ampla conectividade, encerrando grande preocupação com a criação, manipulação e disseminação de conteúdos. A isto se agregaram os esforços em rever e determinar competências profissionais responsáveis pelos sistemas e ações de uma sociedade voltada à informação e ao aprendizado contínuo.

Efeito contínuo, a economia global tem se direcionado à produção de bens e serviços de informação, de um modo caracterizado, em linhas mestras, pelas seguintes premissas:

• O potencial tecnológico sustenta o amplo acesso à informação, assim como possibilita a convergência de diferentes tipos de informação (textual, sonoro, gráfico, visual, etc.) em entidades (ou objetos) de informação, os quais podem ser compostos e disponibilizados de acordo com a necessidade particular de um indivíduo ou grupo;



• Há notadamente a percepção de que a disponibilidade de informação (e possivelmente de conhecimento) vem a fortalecer a democracia e a sociedade;



• As áreas e os setores econômicos estão se tornando dependentes de uma força de trabalho que tenha acesso e possa compartilhar informação;



• A informação, para ser acessível, deve ser organizada e gerenciada;



• As habilidades de criação, de busca, de análise e de interpretação de informação são essenciais para indivíduos e grupos;



• As necessidades de informação se tornam cada vez mais complexas e dependentes de diferentes e múltiplas fontes, cuja correta avaliação e qualidade é fator crucial para os processos de tomada de decisão;



• O crescente desenvolvimento e substituição de tecnologias desafiam tanto as habilidades dos leigos como dos profissionais da informação, em termos do seu entendimento, domínio e gerenciamento efetivo;



• O setor de informação será muito em breve uma parte substancial da economia dos países.

Considerando ainda tal cenário, os processos relacionados com informação são alvo da crescente atenção de governos e grupos econômicos. Seja pela retomada da preocupação com a coleta e preservação do conhecimento, em termos públicos e privados, seja pela revisão do que representam as atividades voltadas a agregar valor à informação e ao conhecimento, é fato que as tecnologias da informação, aliadas às suas intensivas produção e fluxo, podem, potencialmente, distinguir indivíduos e grupos em suas atividades profissionais, culturais, sociais e econômicas. Além disso, a concentração tecnológica em poucos países, elemento de causa e consequência do processo de globalização, tem afetado a dinâmica social de maneira cada vez mais contínua e abrangente. É de senso comum, assim, que o final do século XX e, ao que tudo indica, uma parte significativa do século XXI, caracterizou-se e se caracteriza pelo aumento das dificuldades para a mobilidade e a ascensão social. Uma vez que o crescimento econômico só pode continuar
caso existam mercados e consumidores, há uma conjuntura dramática para significativa maioria de tais consumidores, que assistem à retração do seu poder de compra e do seu padrão de vida.

Ainda que as novas técnicas tenham elevado a produtividade do trabalho e demandado mão de obra em setores específicos, o abismo tecnológico e cultural aumenta em países cujas debilidades internas impedem a competitividade necessária em mercados cada vez mais agressivos. No entanto, esta “sociedade globalizada” permite que empresas e instituições transnacionais estabeleçam, como modus operandi, a transferência de atividades produtivas de um país para outro. Mais que a transferência física de uma fábrica, por exemplo, são os valiosos conteúdos informativos que "trafegam" nos cérebros de seus executivos e nas redes de informação eletrônica, com o auxílio adicional da mobilidade dos meios de transporte físico.

Valorizada como recurso, a informação define a competitividade de pessoas, grupos, produtos, serviços e atividades e os mesmos processos de transmissão de dados, gestão da informação e do conhecimento que têm marcado a instabilidade do mercado de trabalho, são geradores de empregos nas áreas de tecnologia de informação, de comunicação e de conteúdos. Novamente, as formas de organização do trabalho, mais flexíveis e menos hierarquizadas, dependem de sistemas intensivos de distribuição e armazenamento de informação, em ambientes que passam a promover a geração e o compartilhamento de conhecimento. São exemplos as bibliotecas e os centros de documentação (principais locais de armazenamento de informação), que introduziram novas formas de organização e acesso aos dados e obras armazenadas. Além disso, tal desenvolvimento facilitou e intensificou a comunicação pessoal e institucional, através de programas de processamento de texto, de formação de bancos de dados, de editoração eletrônica, bem como de tecnologias que permitem a transmissão de documentos, envio de mensagens e arquivos, assim como consultas a computadores remotos (via internet). A difusão das novas tecnologias de informação trouxe também impasse e problemas, relativos principalmente à privacidade dos indivíduos e ao seu direito à informação, pois os cidadãos geralmente não possuem acesso à enorme quantidade de informação sobre si mesmos, coletada por instituições particulares ou públicas.

Neste panorama, inserem-se os profissionais de TI na perspectiva deste novo milênio. Sendo a informação um patrimônio, um bem que agrega valor e dá sentido às atividades que a utilizam, é necessário fazer uso de recursos de TI de maneira apropriada, ou seja, é preciso utilizar ferramentas, sistemas ou outros meios que façam das informações um diferencial. Além disso, é importante buscar soluções que tragam resultados realmente relevantes, isto é, que permitam transformar as informações em algo com maior valor, sem deixar de considerar o aspecto do menor custo possível.

Tendo em vista tais desafios, as empresas necessitam, em sua missão, empreender esforço contínuo no sentido de agregar profissionais na área de TI, não se restringindo à mera valorização de sua formação técnica, mas extraindo igualmente destes a visão humanística de que são dotados. Diante da importância da informação, tem sido enormes os investimentos na obtenção e manutenção de volumes gigantescos de dados, pelas organizações. Ao mesmo tempo, não é incomum detectar o uso supérfluo ou inadequado da informação, no que surge desta fragilidade a necessidade das ferramentas de TI.

No que diz respeito às competências necessárias ao profissional de TI, é importante explicitar o que exatamente realiza tal profissional. As tarefas de desenvolver, implementar e atualizar soluções computacionais cabem especificamente aos profissionais de TI. Por conta de sua amplitude, a área de TI é dividida em várias especializações, tal como ocorre com a Medicina, por exemplo. Sendo assim, podem se encontrar profissionais de TI para cada um dos seguintes segmentos: banco de dados, desenvolvimento, infraestrutura, redes de computadores, segurança, gestão de recursos, entre outros. Para cada uma destas áreas, existem subdivisões. Por exemplo, em desenvolvimento, há profissionais que atuam apenas com software comercial (por exemplo, ERP), outros que trabalham apenas com a criação de ferramentas para dispositivos móveis, outros que concentram suas atividades na internet e assim por diante. Via de regra, interessados em desenvolver carreira profissional na área de TI possuem formação em cursos como os de Ciência da computação, Engenharia da Computação e Sistemas de Informação, mas há outros, inclusive com foco mais técnico, como os de Tecnologia em Redes de Computadores e Tecnologia em Banco de Dados, além de Certificações e cursos de pós-graduação para profissionais já graduados. Desenvolver e executar ferramentas de Tecnologia da Informação requer e produz, em suma, notável suporte técnico em áreas como Finanças, Planejamento de Transportes, Design, Produção de Bens, assim como na Imprensa, nas atividades editoriais, na produção musical e cinematográfica, no rádio e na televisão, entre outros diversos exemplos.

A utilização sensata de TI admite sempre uma relação mais estreita e permanente entre as partes de um ciclo de produção (como por exemplo, entre empresa e fornecedores), na medida em que qualquer solicitação de uma parte é passível de ser atendida pelas demais, nesse ciclo. A TI ensejou, assim, ao longo da história, uma modificação no modo de pensar e de agir de produtores e consumidores, de mercados por completo. É hoje reconhecida como fator crítico de capacitação, principalmente por meio das telecomunicações, que permite eliminar barreiras impostas por local e tempo às atividades de coordenação, serviço e colaboração. A transformação e utilização das ferramentas da TI se tornam globais e as distinções entre computador e comunicação desaparecem, mudando radicalmente o mundo dos negócios. O computador se torna nesse ponto elemento de TI indispensável em uma organização.

A Tecnologia da Informação, portanto, não é apenas um mero sinônimo de modernidade. É, antes de tudo, uma necessidade dos novos tempos, afinal, a informação sempre existiu, mas não de maneira tão volumosa e aproveitável. Não há "fórmula mágica" para determinar como utilizar do melhor modo possível a informação. A abordagem adequada da informação depende da cultura, do mercado, do segmento e de outros fatores relacionados ao negócio ou à atividade contemplada. As decisões devem ser bem tomadas, do contrário conduzirão a gastos supérfluos ou, ainda pior, à perda de desempenho e de competitividade. Há ainda vários outros aspectos que devem ser considerados na valoração da informação, como por exemplo: segurança, disponibilidade, comunicação, uso de sistemas adequados, tecnologias auxiliares, legislação local, entre outros, o que ratifica a amplitude de conhecimentos de que dispõe a TI como elemento de controle no dia-a-dia de uma empresa.

Este é o verdadeiro papel e ao mesmo tempo legado, em tão pouco tempo, da TI na história do homem. O universo de atuação da Tecnologia da Informação, muitas vezes resumida equivocadamente a tão pouco além de ‘computadores’, não admite descanso, pois janelas de oportunidade de negócios são abertas e fechadas muito rapidamente. Muito em breve, somente as organizações que enxergarem na Tecnologia da Informação seu valor estratégico permanecerão como competitivas – a TI deixará de ser um setor para ocupar maior espaço como a mola mestra da própria empresa – a antevisão do valor único da informação abrirá caminhos a quem dela puder extrair seu máximo conteúdo. Nesse ínterim, caberá a um eficiente departamento de TI organizá-la, estruturá-la e gerenciá-la para conduzir de maneira conveniente esta significativa transformação inerente à sociedade globalizada.

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